A Intercessão Como Arma de Ataque e de Defesa


“Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os Principados e Potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Ef 6.12).



O inimigo de nossas almas vive em constante batalha, para levar a efeito os seus planos diabólicos, aproveitando-se do desconhecimento de muitos, que pela falta de intimidade com Deus, despreza a Armadura do Senhor deixada a nossa disposição, com a qual estaremos revestidos para o embate contra o inimigo.



A Igreja de Cristo, tendo como principal Missão, dar continuidade da Obra que Jesus iniciou (I Jo 3.8b), necessita agora de um revestimento espiritual para assumir o seu papel de intercessora, tendo em vista a importância das suplicas e orações em favor dos necessitados “Muito pode, por sua eficácia, as suplicas dos justos” (Tg 5.16). Desta forma, iremos considerar alguns aspectos que demonstram a eficácia da intercessão como eficiente arma de ataque ao adversário de nossas almas.



Se quisermos ter vitórias no mundo espiritual, precisamos conhecer o nosso adversário, contra quem estamos em constante batalha. Segue abaixo uma ilustração sobre o que seria uma reunião no inferno:



UMA REUNIÃO NO INFERNO

Satanás: Amigos vamos discutir sobre os cristãos comprometidos com Jesus. Vocês sabem que eles se reúnem para orar, e isso tem que ser evitado.

Lúcifer: Concordo. Que cosa detestável é a oração! Temos que acabar com a oração dos justos. Elas podem muito em seus efeitos!

Apesar de tudo que já fizemos, enquanto dois ou três se reunirem para orar, corremos perigo!

Espírito de Preguiça: Quero contribuir. Vou sugerir que as reuniões sejam em lugares distantes ou que o tempo não está bom ou ainda que bons filmes estarão passando na TV, e assim impeço que os cristãos se reúnam para orar.

Espírito de Dúvida: Lançarei a duvida quanto às promessas da Palavra de Deus!

Espírito de Profanação: Eu farei com que alguns não prestem atenção e fiquem cochichando e brincando durante o culto!

Espírito de Comodismo: Darei o meu auxilio fazendo com que alguns pensem que não precisam ir a igreja, que podem orar e aprender a sós, em suas casas.

Espírito de Suspeita: Vou semear a desconfiança fazendo com que alguns se julguem esprezados e menos importantes na igreja, e assim deixem de freqüentá-la.

Espírito de Engano: Eu me encarrego de iludir alguns, fazendo-os pensar que são melhores, mais santos, e os deixarei mais preocupados em se mostrar para os homens do que para cultuar a Deus.

Satanás: Vamos destruí-los acabando com as assembléias dos santos (surge um espírito vindo da terra)

Espírito Mensageiro de satanás: Trago péssimas noticias. Alguns intercessores  sinceros e dedicados assumiram o compromisso de orar independente de qualquer circunstancia.

Lúcifer: Mas é pouca gente. “Uma andorinha só não faz verão”.

Satanás: São poucos, mas é gente que crê! E se eles crêem, nada podemos fazer! Mais cedo ou mais tarde, pela fé, conseguem transformar a situação que provocamos! Nada podemos fazer contra a fé dos que amam a JESUS...

E a reunião acabou... 




Esta é uma ilustração que mostra o quanto o inimigo trabalha de forma articulada contra a Igreja de Cristo, nos exortando a estar sempre vigilantes.



CARACTERÍSTICAS DE UM INTERCESSOR

Unção. Todo intercessor precisa possuir a unção de Deus. Em Atos 1.8 está escrito: “Mas recebereis Poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra”.

A palavra UNGIR, significa capacitar, autorizar, habilitar a uma pessoa para que faça algo. Esta unção irá diferenciar o intercessor daqueles que apenas oram por alguma necessidade, uma vez que sua condição não lhe permite cessar de interceder enquanto não obtém a resposta ao seu clamor. O intercessor sente o peso da necessidade em sua alma, o que faz com que considere, sempre, a urgência do ministério que lhe foi atribuído pelo Senhor.



Santificação e Consagração. Estas são armas de defesa de um intercessor (II Tm 2.21) “De sorte que, se alguém se purificar dessas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para o uso do Senhor e preparado para toda boa obra”. Deus, jamais usará um intercessor despreparado, indisciplinado, desorganizado, sem consciência do que realmente significa a Obra para a qual foi chamado.



Para ser um intercessor segundo o coração de Deus, é fundamental um viver santo, que é a característica de todos os servos e servas do Senhor. “Santificai-vos, porque amanhã farei maravilhas no meio de vos” (Josué 3.5).



Discernimento. Todo intercessor precisa empunhar em todo tempo essa Arma de Defesa. O Senhor Jesus a usava constantemente, por esta razão sempre foi vitorioso nos confrontos com as forças espirituais opositoras. O discernimento é um Dom do Espírito Santo para perceber o que está no espírito do homem. Seu propósito é ver o que está oculto dentro da natureza humana. “A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar o teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal...” (I Rs 3.9).



Jejum. É uma Arma de Apoio para o intercessor. Através dele, mortificamos a carne e fortalecemos o espírito, nos tornando mais aptos para a batalha espiritual.

• O Povo de Israel obteve grandes vitórias (I Sm 7.6)

• A Palavra profética exorta promover o jejum (Jl 1.14)

• Foi praticado por Moises (Ex 34.2)

• Daniel foi vitorioso porque jejuou (Dn 10.3)

• Os líderes da Igreja de Cristo devem jejuar.     



A IMPORTANCIA DA AMADURA DE DEUS (Ef 6.10-18)

1 – O Cinto da Verdade


• Ele é o principio – a primeira de todas as coisas

• Ele combate toda mentira, falsidade e engano

• A verdade nos diz quem somos e quem é o inimigo

• A verdade nos dá uma visão correta dos campos de batalha

• A verdade cingida nos lombos nos dá firmeza na hora da batalha

• Ela triunfa de forma final e total sobre os inimigos

• Ela está ligada ao caráter e com ele se relaciona.


2 – A Couraça da Justiça

• Serve de proteção eficaz contra os ataques do inimigo

• Sem a justiça a armadura fica vulnerável

• A verdade atua no íntimo, a justiça no exterior

• Ela cobre os órgãos vitais do corpo e os protegem

• É a própria justiça de Deus que nos dá proteção


3 – O Evangelho da Paz

• Com os pés desprotegidos os soldados não podem caminhar

• Exercito que marcha vitoriosamente deixando marcas de paz

• Se faz presente onde deus enviar

• É conduzido no caminho da retidão

• Significa prontidão, ordem, submissão e atenção.



4 – O Escudo da Fé

• Protege o soldado da cabeça aos pés

• Revela uma postura espiritual adequada

• Neutraliza e destrói totalmente os dardos do inimigo

• Revela as convicções da alma do intercessor

• Cresce, agiganta-se, quanto mais for utilizado.



5 – O Capacete da Salvação

• A Cabeça “mente” é alvo prioritário do inimigo

• As crises de consciência têm que estar resolvidas

• De forma alguma os soldados podem “perder a cabeça”

• É impossível batalhar sem o capacete

• Consciência, certeza, confiança e convicção da salvação.



6 – A Espada do Espírito (Arma de Ataque)

• Como Espada ela fere, corta, penetra e mata (He 4.12);

• Como fogo ela aquece, ilumina, queima e devora (Jr 23.29);

• Como Água ela limpa, purifica e mata a sede (Ef 5.26);

• Como Luz ela expulsa as trevas, e traz calor (Sl 119.105);

• Como Medicina ela cura, restaura e dá vigor (Sl 107.20);

• Como Pão Espiritual ela fortalece e dá vida (Mt 4.4).



7 – Vigilância e Oração (Arma de Ataque e Defesa)

• O Espírito Santo nos ajuda na oração (Rm 8.26-27);

• Ela sobe como incenso ao Senhor (Ap 8.3);

• Quando oramos elevamos a alma ( Sl 5.1);

• Orar e derramar o coração diante do Pai (Sl 62.8);

• Pela oração nos chegamos a Deus (Hb 10. 22);

• Orar é implorar ao Senhor a benção Divina (Êx 32.11).



EXEMPLOS BÍBLICOS DE INTERCESSORES

Neemias. Inconformado com a situação da sua cidade deixou a zona de conforto no Palácio real e foi interceder por Jerusalém. Ele ouviu o chamado de Deus e se propôs a fechar as brechas dos muros da cidade em ruínas (Ne 1.1-11).

Daniel. Levado ao cativeiro, assumiu a postura de intercessor de seu povo e, através do jejum e oração experimentou vitórias (Dn 1.1-21; 9.21-23; 10.2).

Jeremias. Lamentou, orou e intercedeu pelo seu povo (Jr 8.18-22; 9.1).

SEITAS: Uma grande mentira

Não bastassem o colapso do sistema imobiliário, o naufrágio da indústria automobilística e o mergulho na recessão, os americanos estão agora às voltas com uma vigarice monumental. Bernard Madoff, um figurão de Wall Strett, sumiu com 50 bilhões de dólares de seus clientes. Na delegacia para onde foi levado na semana passada e da qual saiu sob fiança, ele admitiu ter montado um gigantesco esquema tipo pirâmide - o mais manjado dos golpes financeiros. Consiste em remunerar os clientes mais antigos com o dinheiro dos novos investidores, sem produzir rendimentos reais.

 Madoff, que foi presidente da Nasdaq, a bolsa das empresas de tecnologia, oferecia retornos estáveis de 10% e 12% ao ano para o capital investido, independentemente dos altos e baixos do mercado. Nem mesmo a crise econômica havia batido às suas portas: seus investimentos cresceram 5,6% até novembro, enquanto o valor de mercado das empresas nas quais ele supostamente investia tinha encolhido 37,7%.

O esquema veio abaixo, como um castelo de cartas, quando clientes, de caixa baixa devido à crise, quiseram retirar 7 bilhões de dólares no começo deste mês. O próprio Madoff avisou os filhos de que tudo não passava de “uma grande mentira”. (1).

O grande intelectual inglês, autor da obra clássica Ortodoxia G. K. Chesterton (1874-1936), escreveu: “Acreditar absolutamente em si mesmo é uma crença tão histérica e supersticiosa como acreditar em Joanna Southcote (1750-1814). Ela se dizia virgem e grávida do novo Messias, e chegou a ter muitos seguidores”.

O fundador da Suprema Ordem Universal da Santíssima Trindade (Soust), Inri Cristo que garante ser nada menos que a reencarnação de Jesus e prega sua mensagem conforme o figurino bíblico: túnica branca, manto vermelho, sandálias de couro e coroa de espinhos.

A quem pensa que tudo não passa de um grande teatro escreve o jornalista Bernardo Mello Franco, mas segundo o teólogo Edson Martins, que defendeu tese de doutorado sobre os seguidores de Inri na Universidade Metodista de São Paulo, garante que a devoção é real e afirma: “O movimento dele pode parecer bizarro, mas a fé dos seguidores não difere muito das outras religiões. Eles acreditam mesmo”.

A grande mentira pregada por muitas seitas é a salvação das pessoas no profetismo do líder e de seus ensinos. Fora da sua seita não há salvação e nem felicidade.
Autoritarismo, exclusivismo e detentor de ‘toda verdade’ são características fundamentais das seitas.


NINGUÉM VOS ENGANE

     No discurso escatológico de nosso Senhor Jesus Cristo, os discípulos perguntam: “Qual o sinal da tua vinda e da consumação dos tempos? Jesus respondeu: “Atenção para que ninguém vos engane”. “Pois muitos virão em meu nome, dizendo: o Cristo sou eu, e ENGANARÃO A MUITOS”. “Pois hão de surgir falsos Cristos e falsos profetas, que apresentarão grandes sinais e prodígios de modo a enganar, se possíveis, até mesmo os eleitos”. Eis que eu vo-lo predisse” (Mt 24,1-24).

A arte de enganar vem desde o princípio da humanidade, tendo como autor o diabo, o pai da mentira (Gn 3,13; Jo 8,44).

A mentira como fundamento para toda arte do inimigo, só encontra valia na conexão com a ganância, ambição, idolatria e todo tipo de poder pecaminoso.

Três terríveis pecados pretendem dominar completamente o ser humano: a ganância de possuir muito dinheiro, o prazer desenfreado da luxúria e o desejo ardente de ser adorado como um deus.
Tudo isso pode conseguir criando uma seita. É muito fácil enganar o povo em nome de Deus. Uma seita ‘pode’ esconder todo tipo de crimes. Os líderes sectários sabem que não existe da parte do governo: municipal, estadual e federal uma fiscalização a rigor e permanente de suas atividades.

São sabedores dos fins obscuros das seitas poucos intelectuais, estudiosos da matéria e algumas autoridades competentes.
A nossa missão é esclarecer o povo sobre o perigo de certas seitas e conclamar as autoridades para uma maior atenção e averiguação dessas facções religiosas.

Diante de tantas seitas, não podemos ser ingênuos! Muita gente é usada e abusada de sua fé por seitas que vêem as pessoas como mercadorias.
São Paulo Apóstolo sabia e nos alerta sobre esses movimentos religiosos e suas táticas proselitistas: “Sabe, porém, o seguinte: nos últimos dias sobrevirão momentos difíceis. Os homens serão egoístas, gananciosos, jactanciosos, soberbos, blasfemos, rebeldes com os pais, sem afeto, mentirosos, incontinentes, cruéis, traidores, mais amigos dos prazeres do que de Deus; guardarão as aparências de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Afasta-te também destes”.

“Entre estes se encontram os que se introduzem nas casas e conseguem cativar mulherzinhas carregadas de pecados, possuídas de toda sorte de desejos, sempre aprendendo, mas sem jamais poder atingir o conhecimento da verdade. Do mesmo modo como Janes e Jambres se opuseram á Moises, assim também estas se opõem à verdade; são homens de espírito corrupto, de fé inconsistente. Mas eles não irão muito adiante, pois a sua loucura será manifesta á todos, como o foi daqueles” (2 Tm 3,1-9).

CONCLUSÃO
     Há um grande favorecimento para o crescimento da mentira sectária. A propaganda é violenta pela televisão, rádio, cinema, internet, revistas, livros, jornais, lojas, templos suntuosos e partido político. Tudo isso facilita chegar ao povo o engano da falsa doutrina cristã, a falsa prosperidade, promessas de curas, milagres, exorcismos, solução para todos os problemas e o céu mediante os dízimos e ofertas.
Cresce junto com o avanço da ciência e da tecnologia todo tipo de crises e a tamanha ignorância das pessoas.

Vivemos o mundo dos paradoxos e da estupidez.
As seitas não só trabalham pela via da lavagem cerebral como também pela mente esturricada.
Cabe aos profissionais sérios e de boa vontade ajudar as pessoas em seu momento de crises - principalmente afetiva - encontrarem caminhos, ferramentas, alívio, consolo, equilíbrio e segurança na sua potencialidade em Jesus Cristo e na medicina.

É nosso dever mostrar o Cristo verdadeiro, o Cristo Filho de Deus, de Maria, o crucificado e ressuscitado, amigo dos apóstolos, amigo de Maria Madalena, da família de Lázaro, companheiros das nossas dores e curas, das nossas tristezas e alegrias, daqueles que ganham e dos que perdem, dos que vão e dos que ficam.

Infelizmente, o povo conhece o Cristo da propaganda, sectário e da auto-ajuda.
Por incrível que pareça ainda hoje muita gente precisa conhecer e ter um encontro definitivo com o Cristo dos Santos Evangelhos.

Pe. Inácio José do vale
Professor de História da Igreja
Faculdade de teologia de Volta Redonda. 

Efusão do Espírito Santo

“Recebereis a força do Espírito Santo que virá sobre vós e sereis minhas testemunhas até os confins da terra” (Atos 1,8) Jesus, desde sua encarnação até a oblação sacerdotal na cruz, cumpriu sua missão, como cordeiro imolado que, com o Seu próprio sangue, conquistou para a humanidade uma redenção eterna ao oferecer-se a Seu Pai, movido pelo Espírito Santo.

“Eis aí o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.O Espírito Santo, presente e operante na MISSÃO DE JESUS é o primeiro fruto do Seu Sacerdócio e do Seu Senhorio. “Exaltado pela direita de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou-o como vós vedes e ouvis”.(Atos 2,33).

Jesus glorificado, por sua vez derrama o Espírito Santo, pelo poder soberano de Deus, para que a Igreja se abrisse à vida, para que nascesse o novo Povo de Deus, para que se cumprissem as promessas aos antigos profetas e para que ficasse selada para sempre e em toda a sua plenitude a nova Aliança (Ler Jr 31,31-33; Ez 36,27; Is 59,21). Essa plenitude do Espírito Santo foi prometida a todos os que crêem em Jesus como Messias Filho de Deus, Salvador e Senhor.Jesus é o “Pleno do Espírito Santo” e tudo quanto faz, brota dele, é fruto da ação fecunda do mesmo Espírito.

Depois de sua ressurreição e antes de sua ascensão ao céu, Jesus transmite aos seus apóstolos as instruções sobre o Reino de Deus. Recomenda aos apóstolos que não se afastassem de Jerusalém para esperar o cumprimento da Promessa do Pai. “Eis que eu vos mandarei o Prometido de meu Pai. Ele vos recordará todas as coisas”.A promessa do Pai se identifica, pois, com o Espírito  Santo. Com a vinda do Espírito Santo, a missão de Jesus alcançará a sua plenitude. João Batista havia dito: “Eu vos batizo na água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu… Ele vos batizará no Espírito Santo e no Fogo” (Mt 3,11).

Este é o ponto culminante da instrução de Jesus: os discípulos serão batizados no Espírito Santo. “Recebereis a força do Espírito Santo que virá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra” (Atos 1,6-8). Esta afirmação de Jesus é uma chave: “Recebereis a força do Espírito Santo…”

Manifesta assim, a finalidade direta da Efusão do Espírito Santo que os apóstolos irão receber. Serão revestidos de uma força vinda do alto, receberão o Espírito Santo que é uma força divina, uma força de Deus. Será, pois, uma investidura de poder.

Em virtude dessa FORÇA DIVINA, os discípulos poderão, à semelhança de Jesus, plenos do Espírito Santo e no poder desse mesmo Espírito, proclamar a boa nova do Reino de Deus. (Ler Lc 4,1. 14.18.43; At 10,38). Essa mesma força do Alto transformará os missionários em testemunhas de Jesus ressuscitado e o seu campo de ação será o mundo “até os confins da terra…

”Obedecendo à ordem de Jesus, os apóstolos permaneceram em Jerusalém… “Todos perseveravam unânimes na oração com algumas mulheres e Maria, a Mãe de Jesus” (At 1,14).

Ao chegar o dia de Pentecostes, estavam todos reunido no mesmo lugar, o pequeno núcleo de apóstolos com Maria, reunidos, juntos, união comunitário de concórdia, amizade e caridade. “De repente veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam reunidos. Apareceram-lhes então uma espécie de línguas de fogo, que se repartiam e repousaram sobre cada um deles” (At.2,3). Jesus subiu ao céu e de lá vem o Espírito Santo, força de Deus, que Ele havia prometido.

O vento impetuoso encheu toda casa indicando plenitude. As línguas como que de fogo, simbolizavam o Espírito Santo divino, purificador e santificador, que encheria a todos e os faria dar testemunho sobre Jesus, um testemunho como que de fogo.

O fogo, na Bíblia, acusa a presença de Deus. “E pousou sobre cada um deles e ficaram todos cheios do Espírito Santo. E começaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito os fazia proclamar”.(Atos 2,3-4).

Movidos pelo Espírito Santo, os apóstolos começaram a falar em outras línguas e proclamavam “As grandezas de Deus” nos idiomas próprios dos ouvintes.

É a intervenção de Deus, é a ação salvífica de Deus que ressuscitou Jesus Cristo, seu filho, ao qual glorificou e lhe comunicou a plenitude do Espírito Santo.

E Jesus derramou esse mesmo Espírito sobre os apóstolos, transformados pela EFUSÃO DO ESPÍRITO SANTO, começaram a proclamar o testemunho de Jesus de uma forma nova e de maneira diferente, com FORÇA E COM FOGO que o Espírito Santo lhes transmitia.

A proclamação das grandezas de Deus era feita com um entusiasmo particular. Pedro, após a efusão do Espírito Santo, com uma pregação de três minutos, três mil pessoas foram convertidas, tal era a unção e poder em suas palavras. (Ler Atos 2,14-41).

O Espírito Santo está sempre presente na COMUNIDADE CRISTÃ, comunicando-lhe sua “força” e seu “poder” para que seus membros continuem a missão de ser “testemunhas” de Jesus, cheios de alegria…

O orar em línguas é um dos sinais de Efusão do Espírito Santo, mas não é o único e nem o necessário, nem todos receberão este sinal com a efusão.  Pelos sacramentos, recebemos o Espírito Santo, mas continuamos medrosos, com pouca ação, tristes, angustiados, fracos, como os apóstolos antes da Efusão do Espírito Santo.

A promessa do Pai é para todos os que crerem em seu filho Jesus, é, portanto, para todos nós. Todos que desejarem, que buscarem, que pedirem ao Pai, em nome de Jesus, receberão esta plenitude.

“Vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem” (Lc. 11,13). Arrependei-vos e credes no Evangelho.

“Recebestes o Espírito Santo quando abraçastes a fé?” (Atos 19,2). Tomaram conhecimento da Efusão do Espírito Santo sobre os apóstolos, conforme nos relata as escrituras? Precisamos das doações carismáticas do Espírito Santo, para que sejamos testemunhas das grandezas de Deus no mundo de hoje.

O Espírito Santo, a grande promessa do Pai, a alma de toda missão salvífica de Jesus, continuará, impulsionando os missionários de todos os tempos para que continuem levando o testemunho de Jesus até os confins da terra, pois, a BOA NOVA DO EVANGELHO não pode ser detida.

ORAÇÃO: Os apóstolos faziam orações pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo. Visto que não haviam descido sobre nenhum deles, mas tinham sido somente batizados em nome do Senhor Jesus. Então lhes impunham as mãos e recebiam o Espírito Santo (At 8, 14,17). Ler, meditar o livro dos Atos dos Apóstolos, os textos citados e outros. Orar de preferência em grupo.

Precisamos da comunidade para receber com maior plenitude a Efusão do Espírito Santo: “Senhor Deus, criador do céu e da terra, que prometestes o Espírito Santo a todos que lho pedirem em nome de Jesus, concede a teus servos a Efusão do Espírito Santo para que possamos pregar a tua palavra com toda “força e poder”, para que continuemos a missão de sermos testemunhas de Jesus.”

 Frutos que confirmam a Efusão do Espírito Santo em nossas vidas:Com nossa abertura ao Espírito Santo e à sua ação soberana, virão frutos de santidade e carismas para edificar a Igreja.

A vida nova do Espírito Santo gera frutos que se percebem aqui e ali…- Conversão interior radical e transformação profunda de vida;
- Luz poderosa para compreender melhor os mistérios de Deus e seu plano de Salvação;- Novo compromisso pessoal com Jesus Cristo;
- Abertura sem restrição à ação do Espírito Santo;
- Exercício ativo das virtudes teologais: fé, amor, esperança;
- Entrega generosa ao serviço dos demais, dentro da Igreja;
- Gosto pela oração e amor à Sagrada Escritura;
- Busca ardente dos sacramentos da reconciliação e da Eucaristia;
- Revalorização da missão da Virgem Maria no plano da redenção;
- Amor à Igreja e suas instituições;- Força divina para dar testemunho de Jesus em toda parte;
- Anseio de um ilimitado campo de apostolado…      

A Efusão do Espírito Santo é, portanto uma investidura de poder, não é um sacramento. O homem torna-se cristão mediante um processo que compreende:

- Conversão e a fé em Jesus Cristo;
- Recepção dos sacramentos de iniciação; batismo, confirmação, eucaristia. Todo aquele que recebeu os sacramentos da iniciação cristã torna-se Filho de Deus, foi incorporado a Cristo morto e ressuscitado, recebem o dom do Espírito Santo e pode participar da Eucaristia, banquete da Nova Aliança.A oração para “Efusão do Espírito Santo”, geralmente feita mediante a imposição de mãos, num gesto sensível de amor fraterno, consiste na oração, cheia de fé e esperança, que uma comunidade eleva a Jesus glorificado para que derrame seu Espírito, de maneira nova e em maior abundância, fazendo surgir na criatura um relacionamento novo com o Espírito Santo, para realizações das “Missões Divinas”.

(Palestra baseada nos livros: Renovação no Espírito Santo e O Espírito Santo na Igreja dos Atos dos Apóstolos, de Salvador Carrilho Alday, pela equipe de Comunicação da RCC). 

Fonte: Com. Shalom

NAMORO: Relacionamento a Três

 
Atualmente tem sido muito comum encontrar jovens feridos, insatisfeitos e até decepcionados com o namoro. Que razão pode haver para tanto descontentamento? Será que o amor verdadeiro é uma ilusão?



Na verdade, de uma forma sorrateira, a mentalidade hedonista – da busca do prazer pelo simples prazer – do mundo de hoje tem privado a muitos de conhecer e experimentar a beleza do autêntico amor humano, dom de Deus. Tem feito especialmente nossos jovens chamarem de amor o que não passa de uma frágil atração física. Tem nos ensinado que homem e mulher precisam constantemente medir forças, que temos de tirar algum proveito do outro e mais algumas aberrações... O grande problema é que esse tipo de relacionamento está muito longe do que Deus pensa sobre o namoro e é definitivamente incapaz de satisfazer a alma humana.



Diante disso, queremos lançar sobre esses jovens um olhar de esperança e dizer: é possível hoje viver um verdadeiro amor! Para isso, olhemos, a partir de agora, o namoro com os olhos do Espírito Santo e peçamos a Ele que arranque qualquer vestígio da mentalidade do mundo que ainda possa haver em nós.



Para começar, tenhamos em mente que, se quisermos usufruir as bênçãos e colher bons frutos de um relacionamento, não podemos queimar etapas. A amizade é necessariamente o primeiro passo. Estreitar os laços, conhecer os pensamentos, os valores, as virtudes e também as fraquezas um do outro. Nunca se contentar com as aparências, mas mergulhar na simples verdade do outro. Essa é uma fase muito gratificante, porque temos a oportunidade de descobrir as grandes riquezas do outro e de lhe revelar as nossas. Vale lembrar que é também um tempo propício ao autoconhecimento, imprescindível a qualquer tipo de relacionamento. É a partir daí que o sentimento começa a tomar forma, a amadurecer. Só então a nossa razão, agora livre de paixões enganadoras, poderá ser capaz de enxergar o que realmente sentimos um pelo outro e de fazer uma opção sensata.



E aí? Estamos prontos para namorar? Calma, ainda falta algo indispensável: conhecer a vontade de Deus. É preciso que os dois estejam atentos à sua Santa Vontade e que haja sempre uma partilha sincera de suas orações. O namoro deve estar sempre embasado no Senhor, caso contrário, será algo desordenado, uma busca de ambas as partes de se satisfazerem da maneira mais egoísta: de serem amados e não de amarem (a ordem dos fatores, neste caso, altera o produto); não existirá lugar para a gratuidade, para as delicadezas e para a feliz renúncia em favor do outro. Sendo assim, podemos concluir sem medo: todo namoro deve ser um relacionamento a três. De um lado, o rapaz, com seu jeito próprio de ser se derrama em amor para com a moça. Por sua vez, a moça, com a delicadeza que lhe é peculiar, busca amar o rapaz como ele é. No centro, Aquele que é a fonte de todo amor: Deus!!!



Agora que estamos aptos para um novo tipo de relacionamento, que tal consagrá-lo a Nossa Senhora? Ela será uma ajuda necessária nos desafios do dia-a-dia. Ninguém melhor que a Mãe de Jesus para nos ensinar a viver a castidade, a dar sem esperar recompensa e a perder para que o outro ganhe. Que mulher admirável recebemos como mãe e que cuidado ela tem pelos que se lhe confiam!



Por fim, recordemos sempre que não há maior amor do que dar a vida por quem se ama. Não é isso que Jesus nos ensina?!



Estamos tendo agora, não só o prazer de escrever sobre um tema tão belo para nós e Deus, mas também a alegria de, nas nossas vidas, testemunhar isto. Passamos por cada fase, vivendo cada etapa, vencendo cada desafio. Hoje, ao olharmos para trás, comprovamos a beleza de viver o tempo de Deus para cada coisa. Pondo este mesmo olhar no presente, testemunhamos a vitória do amor humano elevado à caridade de Cristo nas nossas vidas. E no futuro? Bem, o futuro a Deus pertence, mas com certeza ansiamos um dia estarmos diante do altar selando este tão belo amor que teve início numa amizade...



Fonte: Arquivo Shalom

Ministério dos Anjos



      OS MINISTÉRIOS dos anjos são: em relação a Deus, adorá-lo, louvá-Lo, servi-Lo, executando todos os Seus decretos em relação aos demais anjos, quer aos homens,
como também a toda a natureza material, animada e inanimada; em relação aos demais anjos, os de natureza superior iluminam os inferiores. dando-lhes a conhecer aquilo que vêm em Deus; em relação aos homens, eles são ministros de Deus para encaminhá-los à pátria celeste, protegendo-os, corrigindo-os, instruindo-os, animando-os; em relação ao mundo material, eles são agentes de Deus para o governo do Universo.

Ministros da liturgia celeste
      O principal ministério dos anjos consiste em adorar, louvar e servir a Deus: “Anjos do Senhor, bendizei ao Senhor ... Exércitos do Senhor, bendizei ao Senhor; louvai-O
e exaltai-O por todos os séculos” (Dan 3, 58-61). “Bendizei ao Senhor, vós todos os seus anjos, fortes e poderosos, que executais as suas ordens e obedeceis as suas palavras”
(Si 102, 20). “Os Serafins estavam por cima do trono... E clamavam um para o outro e diziam: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos exércitos” (Is 6,2-3).

Os santos anjos desempenham assim a liturgia celeste:
      “E vi os sete anjos que estavam de pé diante de Deus ... E veio outro anjo, e parou diante do altar, tendo um turíbulo de ouro; e foram-lhe dados muitos perfumes, a fim de que oferecesse as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono de Deus. E o aroma dos perfumes das orações dos santos subiu da mão do anjo até à presença de Deus” (Apoc 8,2-4). Esses puros espíritos são, pois, ministros do altar
e ministros do trono de Deus: eles cantam os louvores de Deus na presença do Altíssimo, e apresentam-Lhe as nossas preces e as nossas boas obras; ao mesmo tempo, descem até nós e nos trazem as graças e bênçãos divinas, verdade belamente expressa na visão da escada de Jacó: “(Jacó) teve um sonho: Uma escada se erguia da terra e chegava até o céu, e anjos de Deus subiam desciam por ela” (Gen 28, 12).
Essa verdade, em termos práticos, significa que eles são intercessores poderosíssimos diante de Deus.
      A eficácia da intercessão angélica é testemunhada, entre muitas outras passagens da Escritura, por esta do livro do Profeta Zacarias: “E o anjo do senhor replicou e disse: Senhor dos exércitos, até quando diferirás tu o compadecerte de Jerusalém e das cidades de Judá, contra as quais te iraste? Este é já o ano septuagésimo. ... Isto diz o Senhor dos exércitos: Eu sinto um grande zelo por Jerusalém e por Sião... Portanto isto diz o Senhor: Voltarei para Jerusalém com entranhas de misericórdia” (Zac 1,12-16).
Isto nos deve mover a recorrer sempre com fervor e cada mais a eles.

Guerreiros dos exércitos do Senhor
      As Sagradas Escrituras nos apresentam os anjos numa guerreira, como a milícia dos exércitos do Senhor. Assim, o profeta Miquéias exclama: “Eu vi o Senhor sentado sobre seu trono, e todo o exército do céu ao redor dele, à direita e à esquerda” (3 Reis 22, 19). E o livro de Josué, ao narrar a luta dos judeus para conquistar a Palestina, após saírem do Egito, diz: “Ora, estando Josué nos arredores da cidade de Jericó, levantou os olhos e viu diante de si um homem em pé, que tinha uma espada desembainhada. Foi ter com ele e disse-lhe: Tu és dos nossos, ou dos inimigos? E ele respondeu: Não; mas sou
o príncipe do to do Senhor” (Jos 5, 13-14).*
* No Antigo Testamento os anjos são designados das mais diversas formas: “príncipes”; “filhos de Deus”; “santos”; “anjos santos”; “sentidos vigilantes”; “espíritos”;
“homem”.
      O próprio Deus, a quem servem esses anjos guerreiros, é apresentado como o Deus dos exércitos. O profeta Oséias, descrevendo a fidelidade de Jacó, registra: “E o
Senhor Deus dos exércitos, este Senhor ficou sempre na sua memória” (Os 12, 4-5).      
      Amós profetiza a prevaricação de Israel em nome do Senhor Deus dos exércitos: “Ouvi isto, e declarai-o à casa de Jacó, diz o Senhor dos exércitos”. E adiante: “Pois sabe, casa de Israel, diz o Senhor Deus dos exércitos, que eu vou suscitar contra vós uma nação vos oprimirá” (Am 3, 13; 6, 15). Na visão do profeta Isaías: “Os serafins .. clamavam um para o outro e diziam: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos” (Is 6, 2-3). A mesma expressão é utilizada nos Salmos de Davi: “Quem é esse Rei da Glória ? O Senhor dos exércitos; esse é o Rei da glória “. “O Senhor dos exércitos está conosco; o Deus de Jacó é a nossa cidadela” ( Sl 23,10; 45, 8).
      O Senhor Deus dos exércitos, após a desobediência de nossos primeiros pais, “pôs diante do paraíso de delícias Querubins brandindo uma espada de fogo, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gen 3,24). As hostes celestes combateram no Céu uma “grande batalha” (Apoc 12, 7), derrotando e expulsando Satanás e os anjos rebeldes.
E na noite sublime do Natal, esses guerreiros celestes apareceram aos pastores: “E subitamente apareceu com o anjo uma multidão da milícia celeste louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2, 8-14).
      Deus confia à milícia celeste a defesa daqueles que O amam. Segundo os intérpretes, um anjo exterminador matou em meio à noite todos os primogênitos do Egito (Ex 12, 29); e ao serem os judeus perseguidos pelo exército do Faraó, o anjo do Senhor, que ia diante deles, se interpôs entre os egípcios e o povo escolhido (Ex 14, 19). Quando Senaquerib ameaçava o povo eleito, Deus enviou um de seus terríveis guerreiros angélicos: “Naquela mesma noite saiu o anjo de Iavé e exterminou no acampamento assírio cento e oitenta e cinco mil homens” (4 Reis 19, 35).
      Às vezes os combatentes celestes se juntam aos combatentes terrestres para dar-lhes a vitória, como se deu numa batalha decisiva de Judas Macabeu: “Mas, no mais forte do combate, apareceram do céu aos inimigos cinco homens em cavalos adornados de freios de ouro, que serviam de guia aos judeus. Dois deles, tendo no meio de si Macabeu, cobrindo-o com suas armas, guardavam-no para que andasse sem risco da sua pessoa; e lançavam dardos e raios contra os inimigos, que iam caindo feridos de cegueira, e cheios de turbação. Foram pois mortos vinte mil e quinhentos homens, e seis10 centos cavalos” (2 Mac 10, 28-32).
      O Senhor Deus dos exércitos envia igualmente seus guerreiros para livrar seus amigos das mãos dos ímpios: “Deitaram (os judeus) as mãos sobre os Apóstolos e meteram-nos na cadeia pública. Mas um anjo do Senhor, abrindo de noite as portas do cárcere, e, tirando-os para fora, disse: Ide, e , apresentando-vos no templo, pregai ao povo toda as palavras desta vida” (At 5, 18-20). “Herodes ... mandou também prender Pedro ... E eis que sobreveio um anjo do Senhor, e resplandeceu de luz no aposento; e, tocando no lado de Pedro, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E caíram as cadeias das suas mãos. E o anjo disse-lhe: Toma a tua cinta, e calça as tuas sandálias. E ele fez assim. E o anjo disse-lhe: Põe sobre ti a tua capa e segue-me. E ele, saindo, seguia-o, e não sabia que era realidade o que por intervenção do anjo, mas julgava ter uma visão. E, depois de passarem a primeira e a segunda guarda, chegaram à porta de ferro que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si mesma. E saindo, passaram uma rua e, imediatamente, o anjo afastou-se dele: Então Pedro, voltando a si, disse: Agora sei verdadeiramente que o Senhor mandou o seu anjo, e me livrou da mão de Herodes e de tudo o que esperava o povo dos judeus” (At 12, 1-11).
      O próprio Salvador, para deixar claro aos Apóstolos que Ele sofria a Paixão por espontânea vontade, disse a São Pedro, que O queria defender por meio da espada:
“Julgaste por ventura que eu não posso rogar a meu Pai, e que ele não me porá imediatamente aqui de doze legiões de anjos?” (Mt 26, 53).

Executores das vinganças de Deus
      Esses guerreiros executam igualmente as vinganças de Deus: Diante dos pecados dos sodomitas, Deus enviou seus anjos: “Quanto aos homens que estavam à porta (da casa de Lot e queriam abusar dos jovens que lá estavam), eles (os anjos) os feriram com cegueira, do menor ao maior, de modo que não conseguiram achar a entrada “. “Os anjos disseram a Lot ... nós vamos destruir este lugar pois é grande o clamor que se ergueu contra eles diante do Senhor. E o Senhor nos enviou para exterminá-los (Gen 19, 10-13).
“Quando os mensageiros do rei Senaquerib blasfemaram contra ti, teu anjo interveio e feriu cento e oitenta e cinco mil dos seus homens”. (1 Mac 7,41).
Herodes Agripa, que perseguira São Pedro e matara São Tiago, foi “ferido pelo anjo do Senhor e comido de vermes” (At 12, 23).

No fim do mundo:
      “O Filho do homem enviará os seus anjos, e tirarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes” ( Mt13, 41-42). “Quando aparecer o Senhor Jesus (descendo) do céu com os anjos do seu poder, em uma chama de fogo, para tomar vingança daqueles que não conheceram a Deus e que não obedecem ao Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo; os quais serão punidos com a perdição eterna longe da face do Senhor e da glória do seu poder” (2 Tess 1, 7-9).

Mensageiros celestes
      O próprio nome de anjos indica já sua função: enviados ou mensageiros de Deus. Com efeito, o original hebraico do Antigo Testamento se refere a esses puros espíritos como mal´âk yahweh, isto é, emissários de Deus.
      A versão grega utilizou a expressão angelos, a qual foi por sua vez traduzida em latim por angelus, palavra que serviu de base para as línguas ocidentais. O Novo Testamento nos mostra a ação desses emissários de Deus, comunicando aos homens as mais importantes mensagens divinas. Assim, o arcanjo São Gabriel anuncia a Zacarias o nascimento do Precursor, São João Batista: “Eu sou Gabriel, que assisto diante do trono de Deus e fui enviado para falar-te e comunicar-te esta boa nova” (Lc 1,19).
      O mesmo anjo anuncia à Santíssima Virgem o mistério da Encarnação: “Foi enviado o anjo Gabriel da parte de Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma virgem desposaca com um varão de nome José, da casa de David; e o nome da Virgem era Maria” (Lc 1,26-27). Um anjo aparece a São José em sonhos dando-lhe a conhecer também esse mistério: “Eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos dizendo: José, filho de David, não temas receber Maria como tua esposa, porque o que nela foi concebido é (obra) Espírito Santo” (Mt 1,20).
      A alegria do nascimento do Salvador foi anunciada pela aos pastores: “Ora naquela mesma região havia uns pastores que velavam e faziam de noite a guarda ao seu
rebanho. E eis que apareceu junto deles um anjo do Senhor, e a claridade de Deus os cercou,, e tiveram grande temor. Porém o anjo disse-lhes: Não temais; porque eis que vos anuncio uma grande alegria, que terá todo o povo. Nasceu-vos na cidade de David o Salvador, que é Cristo Senhor. E eis o sinal: Encontrareis um menino envolto em panos deitado numa manjedoura. E subitamente apareceu com o anjo uma multidão da milícia celeste louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus no mais alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2,8-14).
      Um anjo aconselha à Sagrada Família fugir para o Egito por causa da perseguição de Herodes: “Eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e lhe disse: Levanta-te, torna o menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise; porque Herodes vai procurara menino para o matar” (Mt 2, 13). Depois da morte de Herodes, o anjo torna a aparecer a São José: “Morto Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu em sonho a José no Egito, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque morreram os que procuravam tirar a vida ao menino” (Mt 2, 19-20).

Consoladores e confortadores
      Em diversos episódios, a Sagrada Escritura nos mostra os anjos no seu ministério de consoladores e confortadores dos homens em dificuldades.
O profeta Elias, sendo perseguido pela ímpia rainha Jezabel (a qual introduzido em Israel o culto idolátrico de Baal), fugiu para o deserto; ali, prostrado de desânimo e fadiga, adormeceu. “E um anjo do Senhor o tocou, e lhe disse: Levanta-te e come”. Elias abriu os olhos e viu junto de sua cabeça um pão e um vaso de água; comeu e bebeu e tornou a adormecer. “E voltou segunda vez o anjo do Senhor, e o tocou e lhe disse: Levanta-te e come, porque te resta um longo caminho “. O Profeta levantou-se, e bebeu e, revigorado, caminhou durante quarenta dias e quarenta noites até o Monte Horeb, onde Deus iria manifestar-se a ele(3 Reis 19, 1-8).
      Em sua vida terrena o próprio Salvador foi servido e confortado anjos. Assim se deu após o prolongado jejum no deserto e a tentação do demônio: “Então o demônio deixou-o; e eis que os anjos se aproximam e o serviam” (Mt 4, 11). Na terrível agonia do Horto das Oliveiras, depois de Jesus exclamar: “Pai, se é do teu agrado, afasta de mim este cálice “, o Padre enviou um anjo para confortá-Lo: “Então apareceu-lhe um anjo do céu que o confortava” (Lc 22, 42-43).
      Na Ressurreição “um anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se, revolveu a pedra, e estava sentado sobre ela; e o seu aspecto era como um relâmpago e as suas vestes brancas como a neve”. E o mesmo anjo consolou as Santas Mulheres que haviam ido ao Sepulcro: “Não temais, porque sei que procurais a Jesus que foi crucificado; ele já não está aqui, porque ressuscitou como tinha dito” (Mt 28, 2-8).

Agentes de Deus para o governo do Universo
      É por meio dos santos anjos que Deus exerce o governo do Universo.
Os Padres e Doutores da Igreja reconhecem nos anjos um grande poder, não só sobre as plantas e animais, mas até sobre o próprio homem. A Sagrada Escritura falanos também do anjo que tem poder sobre o fogo (Apoc 14,18), e daquele que manda nas águas (Apoc 16, 5). Santo Agostinho diz que cada espécie distinta, nos diferentes reinos da natureza, é governada pelo poder angélico. Segundo São Tomás, Deus mesmo estabeleceu, até
os mínimos detalhes, seu plano de governo do mundo. Mas ele confia a execução desse plano, em graus variados, primeiro aos anjos, depois aos homens, segundo suas funções diversas, e por fim às outras criaturas.
      Os anjos são os agentes da execução de Deus em todos domínios. Como Deus governa tudo, os anjos O ajudam e obedecem em tudo. Ele exerce seus desígnios no Cosmos pelo ministério dos anjos. “E claro que as galáxias do céu, assim como as feras das florestas e os pássaros que cantam para nós, e o trigo de nossos campos, os minerais e os gases, os prótons e os nêutrons sofrem a ação dos anjos” comenta Mons. Cristiani. (Mgr L. CRISTIANI,Les Anges, ces inconus, p. 651.)
      São Tomás é categórico a esse respeito: “Todas as corporais são governadas pelos anjos. E este é não somente o ensinamento dos Doutores da Igreja, mas também
de todos os filósofos” ( Suma contra Gentiles, lib. III, c. 1. ) E o Cardeal Daniélou explica: “Trata-se pois de uma doutrina estabelecida pela tradição e pela razão. E nós, de
nossa parte, pensamos que o governo inteligente e forte do qual dá testemunho a ordem do cosmos pode bem ter por ministros os espíritos celestes, em que pese o racionalismo
de alguns de nossos contemporâneos”. ( Apud Mgr L. CRISTIANI, art. cit., p.651.)

Guias e protetores dos homens
      Os anjos, apesar de sua excelsitude, por desígnio de Deus, são nossos amigos e companheiros. Eles nos protegem nas necessidades, nos guiam nos perigos, nos sugerem continuamente bons propósitos, atos de amor e submissão a Deus. Pela sua importância, a doutrina sobre os Anjos da Guarda merece maior desenvolvimento. É o que faremos em capítulo à parte.
      Se o próprio Deus se serve continuamente dos anjos, não devemos nós também recorrer sempre aos príncipes dos exércitos do Senhor, aos mensageiros de Deus, invocando-os em todas as nossas necessidades?

Os Anjos da Guarda

           “Eis que eu enviarei o meu anjo, que vá adiante de ti,
           e te guarde pelo caminho, e te introduza no lugar que preparei”. (Ex 23, 20-23)

      DEUS, no seu amor infinito pelos homens, entregou cada um de nós à guarda e cuidado especial de um anjo, que nos acompanha desde o nascimento até a morte: o Anjo da Guarda. Essa doutrina foi sempre ensinada pela Igreja ( Cf. Catecismo Romano, Parte IV, cap. IX, n. 4. ) e se baseia em testemunhos da Sagrada Escritura e da Tradição — Santos Padres, Magistério Eclesiástico, Liturgia.

As Escrituras e os Santos Padres
      O Antigo Testamento faz contínuas referências a esses anjos que nos servem de protetores. Mais do que nos ensinar explicitamente tal verdade, parece dá-la por suposta em suas narrações. Jacó ao abençoar seus netos, filhos de José, diz: “Que o anjo que me livrou de todo o mal, abençõe estes meninos” (Gen 48, 16) Nas palavras seguintes de Deus a Moisés encontramos os múltiplos ofícios que incumbem ao Anjo da Guarda, de proteção e de conselho: “Eis que eu enviarei o meu anjo, que vá adiante de ti, e te guarde pelo caminho, e te introduza no lugar que preparei. Respeita-o, e ouve a sua voz, e vê que não o desprezes; porque ele não te perdoará se pecares, e o meu nome está nele. Se ouvirdes a sua voz, e fizerdes tudo o que te digo, eu serei inimigo dos teus inimigos, e afligirei os que te afligem. E o meu anjo caminhará adiante de ti” (Ex 23,20-23).
      Por meio do profeta Baruc, Deus comunica a Israel: “Porque o meu anjo está convosco, e eu mesmo terei cuidado das vossas almas” (Bar 6,6) O Salmo 90 exprime, com muita poesia, a solicitude de Deus para conosco, por meio do Anjo da Guarda: “O mal não virá sobre ti, e o flagelo não se aproximará da tua tenda. Porque mandou (Deus) os seus anjos em teu favor, que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te levarão nas suas mãos, para que o teu pé não tropece em alguma pedra” (SI 90, 10-12).
E outro Salmo proclama: “O anjo do Senhor assenta os seus acampamentos em volta dos que o temem, e os liberta” (SI 33, 8).
      Lançado na cova dos leões, por intriga de invejosos, Daniel foi socorrido por um anjo: “O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou as bocas dos leões e estes não me fizeram mal algum” (Dan 6, 21). Fala-se, no Livro dos Reis, de um exército de carros que cercavam o profeta Eliseu (4 Reis 6, 14-17). São Tomás vê aí uma imagem do poder dos Anjos Custódios e a preponderância dos anjos bons sobre os maus.
      São inúmeras as passagens do Antigo Testamento que fazem referência à doutrina sobre os Anjos da Guarda. Em nenhuma porém, a solicitude dos anjos para com os homens fica tão patente como no livro de Tobias.* E por isso que ele é muito citado sempre que se trata da matéria.
      *Este livro da Sagrada Escritura é todo ele rico de ensinamentos sobre esta doutrina, de maneira que não basta transcrever aqui uma ou outra passagem dele; assim, convida-mos o leitor a lê-lo diretamente na Bíblia. Esse ensinamento se torna mais preciso no Novo Testamento, onde a existência do Anjo da Guarda é confirmada pelo próprio Salvador. Aos seus discípulos, advertindo-os contra os escândalos em relação às crianças, diz: “Vêdes que não desprezeis a um só destes pequeninos, pois eu vos declaro que os seus anjos vêem continuamente a face de meu Pai que está nos céus” (Mt 18, 10).
      Essas palavras deixam claro que mesmo as crianças pequenas têm seus Anjos Custódios, como também que estes anjos mantém a visão beatífica de Deus ao descer à terra para atender e proteger a seus custodiados.

Também São Paulo se refere ao papel protetor dos anjos em relação aos homens: “Não são eles todos espíritos a serviço de Deus mandados para exercer o ministério a favor dos que devem obter a salvação?” (Heb 1, 14).

Os Santos Padres ensinam desde cedo essa doutrina.
      São Basílio (329-379), entre os gregos, afirma: “Que cada qual tenha um anjo para o dirigir, como pedagogo e pastor, é o ensinamento de Moisés” ( Apud Card. J. DANIELOU, Les Anges et leur mission, p. 93. )
E, entre os latinos, São Jerônimo (342-420) assim comenta passagem de São Mateus (18, 10), acima citada, sobre os anjos das crianças: “Isto mostra a grande dignidade das almas, pois cada uma tem, desde o nascimento, um anjo encarregado de sua guarda”
A crença na existência e atuação dos Anjos da Guarda está tão firmemente estabelecida na tradição da Igreja, que desde tempos imemoriais foi instituída uma festa especial em louvor deles (2 de outubro).

O ensinamento dos teólogos
      A partir dos dados da Sagrada Escritura e da Tradição, teólogos foram explicitando ao longo dos séculos uma doutrina sólida e coerente sobre os Anjos da Guarda.
O príncipe dos teólogos, São Tomás de Aquino, na sua célebre Suma Teológica, (Suma Teológico, 1,q. 113.) expõe largamente essa doutrina. O santo Doutor justifica a existência dos Anjos da Guarda pelo princípio de que Deus governa as coisas inferiores
e variáveis por meio das superiores e invariáveis. O homem não só é inferior ao anjo, mais ainda está sujeito a instabilidades e variações por causa fraquesa de seu conhecimento, das paixões, etc. Assim, ele é governado e amparado pelos anjos, que servem como instrumentos da providência especial de Deus para com os homens.
      A função principal do Anjo da Guarda é iluminarnos em relação a verdade, à boa doutrina; mas sua custódia tem também muitos efeitos, tais como reprimir os demônios e impedir que nos sejam causados outros danos espirituais ou corporais. 
Cada homem tem um anjo especialmente encarregado de guardá-lo, distinto do das coletividades humanas de que façam parte. Estas têm anjos especiais para custodiá-las; enquanto os anjos dos indivíduos pertencem ao último coro angélico, o das coletividades ou instituições podem fazer parte dos coros e hierarquias superiores.
      Como há vários títulos pelos quais um homem necessita ser especialmente protegido (ou seja, considerado enquanto particular ou como ocupando um cargo ou função na Igreja a ou na sociedade), um mesmo homem pode ter vários anjos para custodiá-lo.
A Virgem Santíssima, Rainha dos Anjos, teve também não um, mas os Anjos da Guarda. Enquanto homem, Jesus teve Anjos da Guarda; não evidentemente para protegê-Lo, pois o inferior não guarda o superior, mas para servi-Lo.

Mesmo os infiéis têm Anjos da Guarda e até o Anti-Cristo o terá.
      O Anjo da Guarda nunca abandonará o homem, mesmo após a morte, se ele for para o Paraíso, pois a custódia angélica é parte da providência especial de Deus para com o homem, o qual jamais estará totalmente privado da providência divina. Embora estejam normalmente no Céu, contemplando a Deus, os Anjos da Guarda conhecem tudo o que se passa na terra com seus protegidos; podem, então, quase imediatamente, passar de um lugar ao outro para protegê-los ou influenciá-los beneficamente.
      Santo Agostinho pergunta: “Como podem os anjos estar longe, quando nos foram dados por Deus para ajudar-nos?” E responde: “Eles não se apartam de nós, embora aquele que é assaltado pelas tentações pense que estão longe”. (Apud A. J. MacINTYRE, Os anjos, urna realidade admirável p. 321).
      Os Anjos Custódios nunca estão em oposição ou divergência real entre si. O relato bíblico da luta entre o anjo da Pérsia e o anjo Protetor dos Judeus (cf. Dan 10, 13-21) em que o primeiro queria reter os hebreus na Babilônia e o segundo desejava conduzi-los de volta à sua pátria encontra a seguinte explicação: às vezes Deus não revela aos anjos os méritos ou os deméritos das diversas nações ou indivíduos que eles custodiam. Enquanto não conhecem com certeza a vontade divina, os Anjos da Guarda procuram, santamente, proteger de todas as formas os que estão sob a sua proteção, mesmo contrariando os desejos de outros Anjos Custódios. Mas logo que a vontade de Deus fica clara para eles, todos se submetem pressurosos, pois o que desejam sempre é fazer a vontade divina.
Do mesmo modo que os homens, também as instituições, os povos e os países contam com um anjo especialmente encarregado de velar por eles.
      Essa doutrina tem base nas palavras da Sagrada Escritura, onde é dito que um anjo conduzia o povo judeu pelo deserto (Ex 23,20), e também na passagem já referida sobre a luta entre o anjo dos Judeus e o anjo dos Persas (Dan 10, 13-21).
É também o que ensina São Basílio: “Entre os anjos, uns são prepostos às nações; os outros são companheiros dos fiéis”. ( Apud Card. J. DANIELOU, Les Anges et leur Mission, p. 93.).
      São Miguel Arcanjo era o protetor de Israel enquanto povo eleito (Dan 10, 13-21); atualmente ele é o protetor do novo povo de eleição, a Igreja. As aparições de Nossa Senhora em Fátima. foram precedidas pela do Anjo de Portugal.

Efeitos da custódia dos anjos
      Os efeitos da custódia dos anjos são, uns corporais, outros espirituais, ordenados, uns e outros, à salvação eterna do homem. Os efeitos são corporais, na medida em que impedem ou livram dos perigos ou males do corpo, ou auxiliam os homens nas questões materiais, conforme consta no livro de Tobias (cap. 5 e seguintes).
      E são espirituais, sempre que os anjos nos defendem contra os demônios (Tob 8, 3); rezam por nós e oferecem nossas preces a Deus, tornando-as mais eficazes pelas sua intercessão (Apoc 8, 3; 12); nos sugerem bons pensamentos, incitando-nos assim a fazer o bem (At 8, 26; 10, 3ss),* por meio de estímulos da imaginação ou do apetite sensitivo; do mesmo modo, quando nos infligem penas medicinais para nos corrigir (2 Reis 24, 16); ou ainda, na hora da morte, fortalecem-nos contra o demônio; os anjos conduzem diretamente para o Céu as almas daqueles que morrem sem precisar passar pelo Purgatório, e levam para o Paraíso as almas que já passaram pela purgação necessária; eles também visitam as almas do Purgatório para as consolar e fortalecer, esclarecendo-as glória do céu, etc.

*Há vários exemplos disso na Sagrada Escritura:
      Os Atos dos Apóstolos relatam a aparição de um anjo ao Centurião Cornélio, homem religioso e temente a Deus, para instruí-lo sobre como proceder para conhecer a verdadeira religião: “Este (Cornélio) viu claramente numa visão. quase à toa, que um anjo de Deus se apresentava diante dele, e lhe dizia: Cornélio ... as tuas orações e as tuas esmolas subiram como memorial à presença de Deus. E agora envia homens a Jope a chamar um certo Simão que tem por sobrenome Pedro ... ele te dirá o que deves fazer” (At 10, 1-6). E nos mesmos Atos se lê como um anjo inspira São Filipe Diácono a desviar-se de seu caminho, para fazê-lo encontrar-se com o ministro da Rainha Candace, da Et iópia, e batizá-lo, depois de instruílo na doutrina cristã (At 8, 26)
      A custódia dos anjos nos livra de inúmeros perigos tanto para a alma como para o corpo. Entretanto, ela não nos livra de todas as cruzes e sofrimentos desta vida, que
Deus nos manda para nossa provação e purificação; nem daquelas tentações que Deus permite para que mostremos nossa fidelidade. Porém eles sempre nos ajudam a tudo suportar com paciência e vencer com perseverança. Às vezes parece que os anjos não nos estão atendendo; é preciso então rezar com mais insistência até que esse socorro se perceba. Mas pode ocorrer de não sermos ouvidos, não porque faltem aos anjos poder ou desejo de nos ajudar, mas é que aquilo que estamos pedindo não é o melhor para a nossa eterna salvação, que é o que antes de tudo eles procuram.

Nossos deveres em relação aos Santos Anjos Custódio
      São Bernardo resume assim nossos deveres em relação aos nossos Anjos da Guarda:
      a. Respeito pela sua presença. Devemos evitar tudo o que pode contristar um espírito assim puro e santo. Sobretudo, evitar o pecado. “Como te atreverias — interpela o santo Doutor — a fazer na presença dos anjos aquilo que não farias estando eu diante de ti?”
      b. Confiança na sua proteção. Sendo tão poderoso e estando continuamente diante de Deus, e ao mesmo tempo conhecendo as nossas necessidades, como não confiar na sua proteção? A melhor maneira de provar essa confiança é recorrer a ele pela oração nos momentos difíceis, especialmente nas tentações.
      c. Amor e reconhecimento por sua proteção. Devemos amá-lo como a um benfeitor, um amigo e um irmão, e ser agradecidos pela sua proteção diligentíssima. “Sejamos, pois, devotos” — escreve o mesmo São Bernardo.
      “Sejamos agradecidos a guardiões tão dignos de apreço, correspondamos a seu amor, honremos-lhe quanto possamos e quanto devemos!” ( Apud Jesus VALBUENA O.P., Tratado del Gobierno del Mundo — ntroducciones, p. 930. )
      A oração por excelência para invocar e honrar o Anjo da Guarda da é o Santo anjo do Senhor: “Santo anjo do Senhor, meu zeloso guardador, já que a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina”.

OS TRÊS GLORIOSOS ARCANJOS
“Eis que veio em meu socorro Miguel, um dos primeiros príncipes”. (Dan 10, 13)

“Eu sou Gabriel, que assisto diante (do trono) de Deus”. (Lc 1, 19,)

“Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos diante do Senhor”. (Tob 12, 15)

      A Igreja e o povo fiel veneram de modo especial os três gloriosos Arcanjos — São Miguel, São Gabriel e São RafaeL. Embora eles sejam comumente chamados de Arcanjos, segundo teólogos e comentaristas das Escrituras, eles certamente pertencem ao primeiro dos coros angélicos, o dos Serafins.

São Miguel: “Quem é como Deus?”
      Em hebraico: mîkâ’êl, que significa: “Quem (é) como Deus?” As Escrituras se referem nominalmente ao Arcanjo São Miguel em quatro passagens: duas delas na profecia de Daniel (cap. 10, 13 e 21; e ap. 12, 1); uma na Epístola de São Judas Tadeu (cap. único, vers. 9 ) e finalmente no Apocalipse (cap. 12, 7-12). No livro de Daniel o Santo Arcanjo aparece como “príncipe e protetor de Israel”, que se opõe ao “príncipe” ou celestial protetor dos persas.* Segundo São Jerônimo e outros comentadores, o anjo protetor da Pérsia teria desejado que ficassem ali alguns judeus para mais dilatarem o conhecimento de Deus; porém São Miguel teria desejado e pedido a Deus que todos os judeus voltassem logo para a Palestina, a fim de que o templo do Senhor
fosse reconstruído mais depressa. Essa luta espiritual entre os dois anjos teria durado vinte e um dias.

* Nas escrituras os anjos são chamados com freqüêncía príncipes.
      São Judas, na sua Epístola, alude a uma disputa de São Miguel com o demônio sobre o corpo de Moisés: o glorioso Arcanjo, por disposição de Deus, queria que o sepulcro de Moisés permanecesse oculto; o demônio, porém, procurava tomá-lo conhecido, com o fim de dar aos judeus ocasião de caírem em idolatria, por influência dos povos pagãos circunvizinhos. No Apocalipse, São João apresenta São Miguel capitaneando os anjos bons em uma grande batalha no céu contra os anjo rebeldes chefiados por Satanás, ali
chamado dragão: “E houve no céu unia grande batalha: Miguel e os seus anjos pelejavam contra o dragão, e o dragão e seus anjos pelejavam contra ele; porém, estes não prevaleceram, e o seu lugar não se achou mais no céu. E foi precipitado aquele grande dragão, aquela antiga serpente, que se chama demônio e Satanás, que seduz todo o mundo; e foi precipitado na terra, e foram precipitados com seus anjos” (Apoc 12, 7-12).
      A Igreja não definiu nada de particular sobre São Miguel, mas tem permitido que as crenças nascidas da tradição cristã a respeito do glorioso Arcanjo tenham livre curso na piedade dos fiéis e na elaboração dos teólogos.
     
      A primeira crença é a de que São Miguel era, no Antigo Testamento, o defensor do povo escolhido — Israel; e hoje o é do novo povo escolhido — a Igreja. Tal piedosa crença está em consonância com o que é dito no
livro de Daniel: “Eis que veio em meu socorro Miguel, um dos primeiros príncipes. ... Miguel. que é o vosso príncipe” — isto é, dos judeus (10, 13 e 21). “Se levantará o grande
príncipe Miguel, que é o protetor dos filhos do teu povo” — de Israel (12, 1). Essa crença é muito antiga, sendo já confirmada pelo Pastor de Hermas, célebre livro cristão do
século II, no qual se lê: “O grande e digno Miguel é aquele que tem poder sobre este povo” (os cristãos). Ademais, tal crença é partilhada pelos teólogos e pela própria Igreja,
que a manifesta de muitas maneiras.
     
      A segunda crença geral é a de que São Miguel tem o poder de admitir ou não as almas no Paraíso. No Oficio Romano deste Santo no antigo Breviário, São Miguel era chamado de “Praepositus paradisi” — “Guarda do paraíso”, ao qual o próprio Deus se dirige nos seguintes termos: “Constitui te Principem super omnes animais suscipiendas”
— “Eu te constituí chefe sobre todas as almas a serem admitidas”. E na Missa pelos defuntos rezava-se: “ Signifer Sanctus Michael representet eas in lucem sanctam”
— “O ‘ Porta-estandarte São Miguel, conduzi-as à luz santa”.
     
      A terceira crença, ou melhor, opinião, é a de que São Miguel ocupa o primeiro lugar na hierarquia angélica. Sobre este ponto há divergência entre os teólogos, mas tal opinião tem a seu favor vários Padres da Igreja gregos e parece ser corroborada pela liturgia latina, que se referia ao glorioso Arcanjo como “Princeps militiae coelestis quem honorificant coelorum cives” — “Príncipe da milicia celeste, a quem honram os habitantes do Céu”; e pela liturgia grega que o chama “Archistrátegos “, isto é, “Generalíssimo.”

O grande comentador das Sagradas Escrituras, Pe. Cornélio a Lapide, jesuíta do século XVI, escreve:
      “Muitos julgam que Miguel, tanto pela dignidade de natureza, como de graça e de glória é absolutamente o primeiro e o Príncipe de todos os anjos.
      E isso se prova, primeiro, pelo Apocalipse (12, 7), onde se diz que Miguel lutou contra Lúcifer e seus anjos, resistindo à sua soberba com o brado cheio de humildade: ‘Quem (é) como Deus?’
Portanto, assim como Lúcifer é o chefe dos demônios, Miguel o é dos anjos, sendo o primeiro entre os serafins.
      Segundo, porque a Igreja o chama de Príncipe da Milícia
Celeste, que está posto à entrada do Paraíso. E é em seu nome que se celebra a festa de todos os anjos.
      Terceiro, porque Miguel é hoje ao cultuado como o protetor da Igreja
como outrora o foi da Sinagoga. Finalmente, em quarto lugar, prova-se que São Miguel é o Príncipe de todos os anjos, e por isso o primeiro entre os Serafins, porque diz São Basílio na Homilia De Angelis: ‘A ti, ó Miguel, general dos espíritos celestes, que por honra e dignidade estais posto à frente de todos os outros espíritos celestiais, a ti suplico...’ “. ( Cornélio A LAPIDE, Commentaria in Scripturam Sacram, t. 13, pp. 112-114 )
O mesmo dizem inúmeros outros autores, entre os quais São Roberto Bellarmino.
Na Idade Média, São Miguel era padroeiro especial das Ordens de Cavalaria, que defendiam a Cristandade contra o perigo metano.

São Gabriel: “Força de Deus”
      Em hebraico: gabrî’êl, que quer dizer: “Homem de Deus” ou “Deus se mostrou forte” ou, ainda, “Força de Deus”.

 
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