Coroando a criação, acima dos seres inanimados, do mundo vegetal e animal, do homem que é o Rei dessa obra, Deus colocou os espíritos angélicos, dotados de inteligência (incomparavelmente mais perfeita que a nossa), porém não sujeitos às limitações do corpo, como nós.
Explica São Tomás que Deus criou todas as coisas para tornarem manifesta a sua bondade e, de algum modo, participarem dessa bondade. Ora essa participação
e manifestação não seriam perfeitíssimas senão no caso em que houvesse, além das criaturas, meramente materiais, outras compostas de matéria e espírito (os homens) e, por fim, outras puramente espirituais, que pudessem as
similar de modo mais pleno as perfeições divinas.
A verdade maravilhosa da existência dos anjos -seres intermediários entre Deus e os homens — é ilustrada poéticamente na Escrituras pelo sonho de Jacó, Patriarca
do Povo eleito: “(Jacó) teve um sonho: Uma escada se erguia da terra e chegava até o céu e anjos de Deus subiam e desciam por ela” (Gen 28, 12).
Do ápice da escala da criação, os puros espíritos descem até a criaturas inferiores, governando o mundo material, amparando protegendo o homem; e sobem até
Deus para oferecer-Lhe a glória da criação, bem como a oração e as boas obras dos justos.
Essa realidade angélica foi pressentida pelos povos antigos, em meio às brumas do paganismo e das superstições, sob a forma de gênios benfazejos das fontes, dos
bosques, dos mares, os quais garantiriam a harmonia do Universo, e eram propícios aos homens.
Mas foi a revelação divina que apresentou aos homens a verdadeira figura dos espíritos angélicos, desembaraçada de toda forma de superstição. As Sagradas Escrituras e a Tradição forneceram os elementos fundamentais, que os
grandes teólogos Doutores da Igreja — em especial São Tomás de Aquino — sistematizaram, dando-nos uma doutrina sólida e coerente sobre o mundo angélico.
É essa doutrina que procuramos sintetizar no presente trabalho, seguindo o Doutor Angélico bem como autores mais recentes que trataram do tema.
Estamos certos de que o conhecimento desta doutrina será proveitoso para todos os fiéis. Conhecendo melhor os anjos, teremos mais intimidade com eles e seremos assim levados a recorrer mais amiúde à sua proteção e ao seu amparo, nesta nossa jornada terrestre rumo ao Paraíso. Sobretudo na luta tremenda que devemos
travar contra o Adversário, o Caluniador, que anda ao redor de nós, no um leão feroz, querendo nos devorar (1 Ped 5, 8-9): Satanás!
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